quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Debate sobre novos estados esquenta volta de deputados

A proposta de criação de dois novos estados - Carajás e Tapajós -, a partir do território atual do Pará - 1,2 milhão de quilômetros quadrados - foi a tônica dos debates na primeira sessão da Assembléia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), após o recesso do mês de julho. O líder do PPS, deputado João Salame Neto voltou a defender a tese divisionista, baseado em estudos econômicos, segundo os quais as três unidades federativas resultantes da divisão, cujo plebiscito está marcado para 11 de dezembro próximo, sairiam ganhando: Carajás e Tapajós, porque passariam a contar com maior presença de governo, uma vez que as regiões - Sul e Sudeste (Carajás) e Oeste (Tapajós) se sentem abandonadas historicamente; e o novo Pará ficaria com toda a infraestrutura atual da região metropolitana, os portos de Vila do Conde (Barcarena) e o de Espadarte ( ainda no papel), e a maior parte do PIB (Produto Interno Bruto).
Antes de João Salame usar da palavra, assomou a tribuna a deputada petista Bernadete Ten Caten, que fez um vibrante discursos, usando os argumentos já apresentados pelo socialista inúmeras vezes. Ela citou, inclusive, o desenvolvimento dos municípios que tiveram origem no território de Marabá: Eldorado do Carajás, Cananã, Parapebas, Curionópolis, Nova Ipixuna e outros. Salame disse que o importante é esclarecer a população sobre as vantagens da criação de outros dois estados. " Vamos ter bandeiras comuns para defender, como é o caso da Lei Kandir, que desonera toda a exportação de minérios semi-elaborados, causando enorme prejuízo aos estados exportadores - principalmente, Pará, Minas e Espírito Santo". E acrescentou: "Vamos ter mais 14 deputados federais ao invés dos 17 atuais; mais seis senadores - hoje temos três", referindo-se ao fortalecimento da representação política da região.
O deputado lembrou que, ainda estudante no Rio de Janeiro, apesar de ter nascido em Marabá, só vi manchetes sobre violência no Bico do Papagaio, assassinatos de sindicalistas, freiras, padres, advogados e lideranças políticas, a mando dos latifundiário ou na luta pela posse da terra. "Depois que criaram o Estado do Tocantins, abrangendo justamente essa área conflagrada, Bico do Papagaio desapareceu das manchetes, porque o estado chegou, não só com mais policiamento, como com mais escolas, mais saúde, mais serviços, enfim. Queremos, no Sul e Sudeste ser o Bico do Papagaio de agora, ou seja, receber infraestrutura e desenvolvimento".
Salame ainda rebateu críticas do deputado Edmilson Rodrigues (Psol), que afirmou que a campanha pela criação do Estado de Carajás tem a chancela da Vale do Rio Doce, a segunda maior mineradora do mundo, interessada em exaurir as riquezas minerais do Pará, sem dar nada em troca. "Do jeito que está, nem que o governador Simão Jatene, que faz um excelente governo, queira melhorar a presença do estado na região, não vai conseguir, porque esbarra na Lei de Responsabilidade Social. Por conta disso, temos no Sul e Sudeste do Pará apenas 2% do servidores do Estado". Segundo Salame, para instalar um Instituto Médico Legal em Canaã dos Carajás, é preciso que as prefeituras da área se cotizem para arcar com as despesas de equipamentos e pessoal.
"Queremos travar um debate sério sobre a redivisão do Pará, para evitar animosidade entre as populações das respectivas áreas. Não vamos erguer um muro, isolando as novas unidades federativas. Pelo contrário, todas vão ganhar com a intensificação do comércio entre elas", assinalou.


Antônio José Soares - (91) 82256624 - Ass. Deputado João Salame

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