Os deputados da CPI do Tráfico Humano da Assembleia Legislativa do Pará decidiram em reunião administrativa realizada na quarta-feira (02.06), prorrogar por mais 30 dias o prazo de funcionamento da Comissão. “Os trabalhos irão se estender agora até 22 de julho”, disse o relator deputado Carlos Bordalo (PT). A CPI foi instalada no dia 22, uma terça-feira do mês de março.
Entretanto, Bordalo acha que serão necessárias outras prorrogações ‘avalio de 90 ou 120 dias de trabalho, pelo menos para dar conta do trabalho aberto’, disse. Regimentalmente agora somente uma decisão de plenário poderá ampliar o prazo de atuação da CPI, a exemplo da atuação da CPI da Pedofilia. “Não tínhamos uma base de dados consolidado e o trabalho começou praticamente do zero, mais tenho certeza que os deputados irão conceder as prorrogações necessárias ao conhecer o que estamos realizando e o que precisaremos ainda fazer”, acredita.
A reunião foi dirigida pelo deputados: João Salame (PPS) e Celso Sabino (PR), presidente e vice, respectivamente, e contou ainda com as presenças dos deputados: Edmilson Rodrigues (PSOL), Pastor Divino (PRB) e Gabriel Guerreiro (PV).
Para o deputado Bordalo, o balanço dos trabalhos da CPI é extremamente favorável. São três as principais redes investigadas. Uma que se desenvolve no mundo do futebol, de meninos para o interior de São Paulo; uma segunda que alimenta a exploração e aliciamento de mulheres para o Suriname e Caiena sendo que algumas destas seguem para Europa. E uma das mais intensas, a terceira rede, é a que lida com menores, adolescente e também maiores travestis para o interior de São Paulo.
“Essas redes estão infelicitando muitas famílias, levando o desassossego e o sofrimento para muitas mães e muitos pais, porque vendem ilusão do eldorado e para 99% das vítimas destes crimes o que é encontrado é o inferno”, comparou o relator.
Os membros da CPI até o presente momento ouviram em depoimentos sigilosos 14 pessoas e realizou através da equipe de investigadores a disposição, várias diligências, sobre as denúncias recolhidas na Comissão. “A CPI está concluindo a etapa conceitual de coleta de informações e deve iniciar agora às oitivas públicas no sentido de ouvir implicados e os envolvidos em crimes”, adiantou o Bordalo.
VIAGEM A SÃO PAULO
Uma viagem a São Paulo está prevista provavelmente na semana que vem, para concluir entendimentos de cooperação com a Assembleia Legislativa, com o sistema de Segurança Pública daquele Estado e com o promotor da infância e juventude de Praia Grande, litoral de Santos, Carlos Cabral Cabrera. O promotor está cuidando de um caso típico de tráfico humano, envolvendo atletas juvenis do Pará, que foram levados para a Portuguesa Santista e acabaram abandonados à própria sorte.
Pela avaliação do relator, a CPI está atuando em várias frentes de trabalho. “As investigações estão abertas, agora precisamos realizar diligências, oitivas públicas, e outras viagens interestaduais, visando consolidar as informações recolhidas para fechar o relatório final com as conclusões dos trabalhos para serem remetidos ao Ministério Público”, informou o deputado Bordalo.
Técnico do Remo é ouvido em depoimento
Após a reunião administrativa os deputados ouviram em depoimento sigiloso o professor Carlinhos Dorneles, que é o coordenador das categorias de base do Clube do Remo. Semana passada foram interpelados pela Comissão, o presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), e o diretor das Divisões de Base do Paysandu, Carlos Alberto Mancha. Todos admitiram a existência do tráfico humano no futebol paraense e se colocaram à disposição da CPI para colaborar.
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