“Entendemos que, ao prevenir e combater o bullying, a escola estará contribuindo de maneira decisiva para a formação de cidadãos respeitosos e conscientes do papel que devem desempenhar na sociedade enquanto protagonistas do seu próprio destino e responsáveis pela harmonia social. Assim, pela relevância da matéria, submetemos proposição a esta Casa de Leis, com o intuito de oferecer a nossa contribuição para o enfrentamento do bullying na rede de ensino pública estadual”.
É assim que o deputado João Salame, líder do PPS na Assembléia Legislativa (Alepa), justifica a apresentação de um Projeto de Lei que dispõe sobre a obrigatoriedade da realização de CAMPANHAS E ACOMPANHAMENTO SÓCIO-EDUCATIVO, visando a prevenção, diagnose e combate ao bullying escolar nas unidades de ensino da rede pública no âmbito do Estado do Pará e dá outras providências. Caso o projeto seja aprovado, terá que ser sancionado pelo governador Simão Jatene.
BULLYING, em tradução livre do inglês quer dizer “tiranete”, “valentão”. O termo tem sido usado nominar atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, com o objetivo de intimidar ou agredir a outro indivíduo ou grupo de indivíduos, incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de assédio escolar pela turma.
A maior incidência deste fenômeno ocorre em Instituições Educacionais, geralmente entre crianças de 7 a 18 anos. Todavia,, possui ainda a propriedade de ser evidenciado em todos as lugares e situações em que ocorram relações interpessoais. Diversos pesquisadores de todo o mundo vem se ocupando deste tema, que tem crescido alarmantemente e atingido faixas etárias cada vez mais distintas, assolando também o ensino superior
Muito bem Salaminho!
ResponderExcluirVamos continuar lutando também contra o "bullying" social que na nossa região é conhecido como pistolagem (queima de arquivo, encomenda etc).
Sinceramente ainda não tenho opinião formada sobre a divisão do Pará. Acho que corre um grande risco de ser rejeitado pelos votantes da Grande Belém.
Desejo ir a Marabá, tão logo seja possível, num fim de semana, desde que vc esteja lá. A minha esposa não conhece. De repente o Aguinaldo também iria.
Vamos continuar em contato.
Saudações marabaenses.V
Que o Águia Marabaense voe bem alto!
Felix Valois Guará Bezerra
PS - Abraço para a Concita.
Bullying é o cacete! Primeira parte
ResponderExcluirNão aguento mais esse papo bullying. Toda semana surge uma nova reportagem sobre o tema. Em quase todas o bullying é apontado como um problema social grave e recente. Não é. Nem grave. Nem recente. É natural e existe desde que jovens e crianças começaram a andar em grupo.
Gozações e sacanagens sempre fizeram parte do universo infanto-juvenil. A diferença é que hoje vivemos num mundo politicamente correto, pretensamente civilizado, repleto de arautos da boa conduta cuspindo regras de como devemos agir, falar, se comportar e pensar. Neste novo mundo, dizem os manuais, é infração gravíssima uma criança chamar o amigo gordinho de rolha de poço, o afeminado de boiola e o quatro-olhos de quatro-olhos. O risco, garantem os patrulheiros de jardim de infância, é traumatizar o colega pelo resto da vida.
Conversa-fiada. Papinho pra boi dormir. As pessoas enfrentam dificuldades e passam por situações embaraçosas em todas as fases da vida. A superproteção na infância não só não prepara a criança para adversidades maiores, como também não resolve o problema pelo qual ela está passando. Ou alguém duvida que os coleguinhas continuarão zoá-la mesmo depois de repreendidos pelos professores?
Não adianta a escola, os educadores, a sociedade e as ongs protetoras de ‘bulinados’ defenderem as crianças zoadas dos amiguinhos ‘malvados’. É uma superproteção ilusória. As zoações continuarão longe das vistas dos ‘mais velhos’. Os moleques sacaneados precisam aprender a se defender sozinhos. Se não os incentivarmos a enfrentar os obstáculos e lutar para serem respeitados, formaremos uma legião de bundas-moles, adultos pusilânimes que dependerão sempre de terceiros para fazerem valer seus direitos.
Fui vítima de bullying. Até os nove anos estudei num colégio de freiras em Teresópolis, cidade do interior fluminense. Com a mudança para a capital, fui estudar no finado Instituto Souza Leão. Com certeza, meus pais não faziam idéia de onde estavam me jogando. Se ainda existisse, o colégio encabeçaria a lista negra dos bastiões do bom comportamento. Lá, bullying era prática recorrente. Corredor polonês, modalidade esportiva. Enquanto nos Santo Inácios da vida os bad guys da turma jogavam bolinhas de papel nos colegas, os do Souza Leão arremessavam mesas, cadeiras e apagadores. Além disso, levavam tomadas com fios desencapados para dar choque nos ‘amiguinhos’ – cadeira elétrica era o nome da brincadeira.
Bullying é o cacete! Segunda parte. No começo foi foda. Tímido e gordinho me tornei o alvo preferido das zoações. Tomei muita porrada em brincadeiras brutas e violentas das quais eu nunca tinha ouvido falar. Entre uma sacanagem e outra, percebi que, se eu quisesse sair daquela situação, tinha que mudar de colégio ou de atitude. Meu pai me convenceu a ficar com a segunda opção.
ResponderExcluirComecei a devolver as provocações. Se me xingavam, eu xingava de volta. Se me sacaneavam, eu devolvia com uma sacanagem pior. Se me ameaçavam, eu encarava. Se me empurravam, eu socava a cara do garoto. Chute no saco e dedo no olho passaram a ser meus cumprimentos prediletos. Em um ano virei o jogo.
Devo ao Souza Leão parte do que sou hoje. Mais do que qualquer outro colégio, ele me preparou para as adversidades da vida. Lá aprendi a me defender, a ter jogo de cintura e agilidade verbal. Aprendi que só dá a outra face quem quer tomar uma porrada ainda mais forte. Aprendi a saber a ora de ser truculento e a ora de ser afável. Aprendi que às vezes um soco vale por mil palavras e que outras vezes meia palavra basta. Acima de tudo, aprendi a me impor e a me fazer respeitar.
Não estou dizendo que todas as escolas deveriam ser como o Souza Leão – o que seria dos edifícios brasileiros se todos os engenheiros tivessem passado por escolas do gênero? Tampouco defendo que pais e educadores fiquem de braços cruzados ao verem um garoto sendo sacaneado na escola. Mas não é superprotegendo a criança da ‘maldade’ de seus coleguinhas que se resolve o problema. A solução depende mais de uma mudança de postura da ‘vítima’ do que da conscientização ou da punição dos ‘algozes’. Não é a sociedade que se adapta aos indivíduos. São os indivíduos que precisam aprender a viver e sobreviver em sociedade.
Se hoje eu não sou mais um dos tantos bundas-moles que existem por aí – e eu tinha tudo para ser – é porque meu pai, em vez de ir reclamar no colégio das porradas que eu tomava, me ensinou a brigar e me incentivou a revidar. O mata-leão, que ele chamava de gravata, foi o primeiro golpe que aprendi. Depois vieram outros: arm lock, triangulo, chave de perna. Sempre usados com moderação, seguindo um dos tantos ensinamentos do velho: “Nunca procurar briga, mas enfrentar feito homem as que aparecerem pelo caminho”. É isso que deveriam ensinar às vítimas de bullying.
EM TEMPO:
Soube, por um artigo que a Fernanda Torres escreveu para Veja Rio, que ela e João Estrela, personagem real do filme Meu Nome não é Johnny, também foram alunos do Souza Leão. Segundo ela, o próprio João reconheceu que ter estudado no Souza Leão o ajudou muito a sobreviver na prisão. Não fico surpreso. Já me safei de muita situação complicada graças ao jogo de cintura que os 10 anos de Souza Leão me deram.
Lá, como em qualquer escola experimental da época, o clima de permissividade reinava. No corpo discente, artistas mirins, filhos de artistas, desajustados e desavisados. Além da Fernandinha, passaram pelas salas de aula do Souzão Pedro Cardoso, Marcelo Serrado, Letícia Spiller – uma delícia, em sua fase pré-Babalu, paquita-pastel -, Alexia Dechamps, uma menina roliça que nem mesmo o mais otimista dos coleguinhas poderia supor que um dia seria capa de Playboy, Daniela Perez, entre outros. No corpo docente, além das psicólogas fumantes, alguns bons professores com formação humanísta e nenhum poder disciplinador. Resultado: os alunos se formavam com pouquíssimo-íssimo-íssimo conhecimento em ciências exatas e biológicas (química, física, biologia etc), uma consideravel bagagem cultural, fruto das boas aulas de história, geografia e literatura, e uma gama de outros aprendizados que iam desde
rapidez de raciocínio, malandragem e agilidade verbal até ‘como fazer bombas e explodir privadas’.