terça-feira, 31 de maio de 2011

Pará também enfrenta o fenômeno do bullying

Matéria publicada no final do ano passado em jornais de Belém dá conta de que uma pesquisa nacional levantada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), em 2009, revelou que pelo menos 990 alunos das redes pública e particular de ensino, em Belém e Ananindeua, já sofreram ou sofrem com o bullying.
“Antes de tudo é preciso entender que o bullying é um fenômeno mundial, com vinte anos de estudos e que não se restringe ao ambiente escolar. Na psicologia, inclusive, há estudos que o comparam ao assédio moral, que ocorre largamente dentro das empresas. No caso do bullying, geralmente começa com a atribuição de apelidos e xingamentos que podem virar agressão física por parte de uma pessoa ou um grupo”, resume a psicóloga e orientadora pedagógica de uma escola particular de Belém, Érica Pimentel, em entrevista ao jornal Diário do Pará.

Segundo a psicóloga, a mudança repentina de comportamento e a resistência em ir à escola podem ser indícios do bullying. “O agressor pode se tornar um delinquente e a vítima, maníaca depressiva. Se isso não for tratado a tempo, a autoestima pode ser afetada pelo resto da vida ou virar um ciclo vicioso, onde vítima vira agressor. Ou seja, ambos estão sofrendo”, afirma Érica.

FORMAÇÃO DA CRIANÇA

O termo é novo, mas a violência é antiga. A pedagoga Ana Cláudia Vallinoto, relato a publicação,  destaca a família como responsável pela formação da criança ao lado da escola, portanto esta relação deve estar bem. “Os agressores já apresentam algum desvio emocional dentro de casa e a escola é o ambiente onde ele externa essa condição, o que pode vir a se tornar o bullying. Já as vítimas são pessoas normais. Isto é, não necessariamente precisam ter alguma deformidade ou característica que sirva de deboche ou perseguição”, esclarece.

Além de observar e detectar o problema cedo é preciso fazer com que pais ou responsáveis admitam que suas crianças podem não apenas estar sofrendo, mas cometendo as agressões. “Algumas vítimas conseguem se livrar sozinhas, outras não. O mesmo vale para a necessidade de terapia. No caso dos agressores, estes precisam de tratamento o quanto antes e é justamente aí que está o problema. Muitos pais, além de não perceberem, não querem aceitar, o que faz necessário as escolas os incluírem nas atividades para sanar o problema”, aponta Ana Cláudia.

Como o bullying se manifesta
Os bullies usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Alguns exemplos das técnicas de assédio escolar:
  • Insultar a vítima;
  • Acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada;
  • Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
  • Interferir na propriedade pessoal da vítima (livros ou material escolar, roupas etc), danificando-a.
  • Espalhar rumores negativos sobre a vítima;
  • Depreciar a vítima sem qualquer motivo;
  • Submeter a vítima a sua vontade, ameaçando-a para seguir as suas ordens;
  • Colocar a vítima em situação problemática com alguém  ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully;
  • Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência;
  • Isolamento social da vítima;
  • Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas, comunidades ou perfis sobre a vítima em sites de relacionamento com publicação de fotos etc);
  • Chantagem.
  • Expressões ameaçadoras;
  • Grafitagem depreciativa;
  • Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com frequência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita").
  • Fazer que a vítima passe vergonha na frente de várias pessoas.

Bullying professor-aluno
O assédio escolar pode ser praticado de um professor para um aluno. As técnicas mais comuns são:
  • Intimidar o aluno em voz alta rebaixando-o perante a classe e ofendendo sua auto-estima. Uma forma mais cruel e severa é manipular a classe contra um único aluno o expondo a humilhação;
  • Assumir um critério mais rigoroso na correção de provas com o aluno e não com os demais. Alguns professores podem perseguir alunos com notas baixas;
  • Ameaçar o aluno de reprovação;
  • Negar ao aluno o direito de ir ao banheiro ou beber água, expondo-o a tortura psicológica;
  • Difamar o aluno no conselho de professores, aos coordenadores e acusá-lo de atos que não cometeu;
  • Tortura física, mais comuns em crianças pequenas. Puxões de orelha, tapas e cascudos.
  • Tais atos violam o Estatuto da Criança e do Adolescente e podem ser denunciados em um Boletim de Ocorrência numa delegacia ou no Ministério Público. A revisão de provas pode ser requerida ao pedagogo ou coordenador e, em caso de recusa, por medida judicial.

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