O deputado João Salame Neto (PPS), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada na Assembléia Legislativa do Pará (Alepa), com o objetivo de investigar denúncias sobre tráfico de pessoas no Estado, apresentou, na sexta-feira, um breve relatório das atividades da comissão aos participantes do Seminário sobre Tráfico de Pessoas realizado pela Comissão de Justiça e Paz do Regional Norte 2 da CNBB, que termina neste domingo, no Hangar Centro de Convenções. O evento trouxe a Belém a atriz paraense Dira Paes e outros artistas, além de religiosos de várias partes do Pará.
"Tráfico de Pessoas é Crime!” Este é o principal alerta do seminário, cujo intuito é desenvolver um debate amplo e conscientizar a sociedade sobre este ato criminoso. Segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho quase um milhão de pessoas são traficadas com a finalidade de exploração sexual. A atividade chega a movimentar US$ 32 bilhões por ano.
O Pará encontra-se em uma das rotas de tráfico humano. O caso mais recente noticiado pela mídia nacional, em fevereiro deste ano, foi quando a Polícia Civil de São Paulo invadiu duas pensões na capital paulista e encontrou mais de 100 travestis obrigados a servir uma rede de prostituição. Pelo menos 90% deles são paraenses.
A polícia chegou ao esquema a partir de um Boletim de Ocorrência feito, em Belém, para registrar o desaparecimento de um adolescente de 17 anos. Este caso motivou a instalação de uma CPI presidida por João Salame. Na semana passada, ele liderou uma visita a São Paulo para verificar in loco as denúncias recebidas, inclusive acerca do alciamento de atletas promissores do Pará para equipes do interior paulista.
Diante de vários acontecimentos o seminário busca discutir e intensificar as ações de prevenção e enfrentamento, debater sobre a implementação do Plano Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Estado do Pará e propor que o assunto seja tema para a Campanha da Fraternidade de 2013.
O líder do PPS mostrou a preocupação da CPI com esses dados e disse que um município próximo a Belém, com um grande porto, tem sido alvo de um novo tipo de crime relacionado ao tráfico humano. A CPI recebeu denúncias de que rotineiramente desembarcam neste porto homens europeus com a missão de engravidar mulheres daquele município, para que, mais tarde, possam levar os filhos, principalmente para países do Leste Europeu. Aparentemente tudo é feito legalmente, porque as mães até viajam para a Europa, mas depois que a adoção é feita elas são descartadas, embora muitas vezes, recompensadas. Há informações de que só uma mulher já teve oito filho nesse esquema.
O deputado federal Arnaldo Jordy também participou do evento e colocou os participantes a par das ações que vem sendo realizadas na Câmara e no Senado, para que esse tipo de crime possa ser coibido.
A atriz Dira Paes fez um apelo comovido para que os governantes adotem mecanismos capazes de acabar com o tráfico humano e outros atentados aos direitos humanos.
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