Nem a greve dos rodoviários da Grande Belém, em seu segundo dia, evitou uma participação maciça dos enfermeiros da capital e do interior na sessão especial realizada nesta quinta-feira 9, no auditório João Batista, da Assembléia Legislativa do Pará (Alepa). A sessão foi uma iniciativa do deputado João Salame Neto (PPS), mas foi aprovada à unanimidade no plenário, para discutir a fixação do reajuste e o piso salarial da categoria, assim como a redução da jornada de trabalho de 40 para 30 horas semanais, conforme a PEC que tramita no Congresso Nacional .
Salame destacou que a saúde é, hoje, um dos maiores problemas do Brasil e que é necessário dotar a categoria dos enfermeiros de condições de trabalho. “Eles tem dificuldades que saltam aos olhos”. Observou que a jornada de trabalho de 30 horas semanais é uma tendência mundial, inclusive nos países ricos, pois faz com que o trabalhador renda mais, tenha mais tempo para si próprio e abre possibilidades de novas contratações.
Salame disse que a matéria é de competência federal e que a Alepa não pode legislar sobre ela, mas se comprometeu a apresentar uma moção de apoio à PEC, referendada por todos os deputados paraenses. Garantiu que todas as entidades ligadas à questão do trabalho, como OIT (Organização Internacional do Trabalho)são favoráveis à redução da jornada.
A presidente do Senpa, Antônia Trindade Valente, ressaltou que os enfermeiros estão doentes e estressados devido à baixa qualidade de vida imposta pelo intenso ritmo de trabalho. Ela lamentou a ausência de representantes do governo do Estado, na sessão, e ameaçou a realização de uma greve de fome dos enfermeiros, em frente à Alepa, como parte da luta nacional pela aprovação do projeto de lei que reduz a carga horária, em tramitação no Congresso.
“Os enfermeiros não suportam mais essa jornada de 40 hoas e nem os baixos salários”, destacou asindicalista.
O deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL) manifestou solidariedade à luta do Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Pará (Senpa), que reivindicam melhorias salariais e a redução da carga horária da categoria, das atuais 44 horas para 30 horas. O assunto é alvo de uma campanha nacional, que foi debatida em sessão especial da Assembléia Legislativa do Pará, nesta quinta-feira, 10, no auditório João Batista.
Edmilson criticou a falta de políticas de saúde dos governos federal e estadual, que acarretam no aumento do fluxo de pacientes em Belém, sobrecarregando o atendimento do Sistema Único de Saúde na capital paraense. Ele lembrou que a primeira vítima da gripe H1N1, no Pará, foi uma enfermeira, que adoeceu no trabalho e depois contaminou os filhos. As crianças sobreviveram. Além dos riscos da profissão, o psolista apontou que os enfermeiros são indispensáveis à saúde, seja nos hospitais públicos ou privados, ou no Programa Saúde da Família. Ele foi intensamente aplaudido.
Em seguida, outros representantes de regionais se manifestaram, como a prefeita do Acará, Francisca Martins,que é enfermeira de profissão, Dadison Oliveira, secretário de Saúde de Porto de Moz, a capitã de corveta, Rosilda Santos, representando o Hospital Naval, Ivo Borges, da Força Sindical,além dos deputados Carlos Bordalo e Alfredo Costa, ambos do PT.
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