A situação dos filhos de hansenianos, separados dos pais, no do Pará, pela segregação compulsória em decorrência da doença, será debatida em audiência pública, na Assembléia Legislativa do Estado (Alepa), por solicitação do deputado João Salame Neto. O parlamentar é líder do PPS e preside a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada para investigar o tráfico humano, envolvendo jovens atletas de futebol, prostitutas e travestis.
João Salame tem o seu foco de atuação parlamentar centrado nas questões sociais, com ênfase na saúde, melhor qualidade de vida aos mais carentes, direitos humanos em geral e defesa da ética e da lisura no trato da coisa pública.
A hanseníase é uma doença crônica causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo descoberto em 1873 pelo médico Amaneur Hansen, na Noruega. É caracterizada pelo surgimento de manchas brancas, marrons ou avermelhadas no corpo e pela perda de sensibilidade. Entre os sintomas estão formigamento, dores, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, além do inchaço das mãos e dos pés.
Em conseqüência da doença, o Governo estruturou uma política de segregação compulsória, lei que vigorou de 1930 a 1980 determinando que os filhos de hansenianos devessem ser tirados dos cuidados de seus pais e encaminhados para educandários.
No Pará, apesar da revogação da lei, a segregação continuou até o ano 1986, com a colônia de hansenianos de Marituba, na região metropolitana de Belém, e colônia do Prata, em Igarapé-Açu, nordeste
do Estado. Os doentes eram internados nestes locais e os filhos, encaminhados para o Educandário Eunice Weaver, mantido com doações de particulares e repasses do governo.
O MORHAN (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase), dotado de personalidade jurídica, sem fins lucrativos, instituído na década de 80, e que tem como objetivo promover medidas educativas e o resgate da cidadania das pessoas atingidas pela hanseníase e de seus familiares, com o fim de alcançar sua completa reintegração social, atua no sentido de defender, os direitos e deveres desse público alvo.
Em sua justificativa, João Salame disse entender que o trabalho do MORHAN, merece a atenção de toda a sociedade, e se declarou solidário à causa, acrescentando que o debate sobre os filhos separados pela hanseníase, no Pará, merece ser ampliado na sociedade, razão pela qual requereu a realização de audiência pública para a discussão da matéria.
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